Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse:
- Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
- Como é que você soube?
- Não interessa. Sei de tudo.
- Me faz um favor? Não espalha.
- Vou pensar.
- Pelo amor de Deus.
- Está bem...Mas olha lá, hein?
Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
- Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê?
- Você sabe.
- Mas é impossível! Como você descobriu?
A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam:
- Alguém mais sabe?
- Não....se você andar na linha, eu não conto.
- OK.
Uma vez, parecia ter encontrado um inocente.
- Eu sei de tudo.
- Tudo o quê?
- Você sabe.
- Não sei. O que é que você sabe?
- Não se faça de inocente.
- Mas eu não sei!
- Nem vem que não tem!
- Você não sabe de nada. Não existe nada.
- Olha que eu vou espalhar...
- Pode espalhar, é mentira mesmo.
- OK, vou espalhar.
Após 5 minutos, vem um telefonema.
- Escute...pensei melhor...não espalha nada sobre aquilo.
Passou a ser temido e respeitado. Às vezes, alguém se aproximava dele e perguntava:
- Você contou pra alguém?
Com o tempo, ganhou reputação. Era de confiança.
Subiu na vida. Ele que dizia saber tudo sobre todos, mas não abria a boca para falar de ninguém. Até que recebeu um telefonema.
- Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê?
- Você sabe.
Resolveu sumir. Mudou de cidade. Todo mundo estranhou seu desaparecimento e foram investigar. Finalmente acharam-no numa praia perdida. Os vizinhos contaram que uma noite muitos carros cercaram a casa e várias pessoas invadiram. Diziam que a voz que mais se ouvia era a dele, gritando:
- Era brincadeira! Era brincadeira!
Foi achado de manhã. Assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvida do motivo.
Sabia demais.
segunda-feira, 24 de março de 2008
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3 comentários:
Moral da história: não saiba de nada e viva para sempre.
sei de nada!
Todo mundo esconde alguma coisa. Fato!
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