Só uma palavra descrevia a vida de Antônio. Foi a palavra que ele usou quando viu o tamanho da fila do ônibus.
- Que Merda!
Estava mal empregado, mal casado, mal tudo. E agora precisava chegar em casa e dizer à mulher que não atingiu a cota de vendas mensal e não vai receber o suficiente pra pagar as contas.
Foi quando encostaram a ponta de um cano nas suas costas. E uma voz disse:
- Entra no carro.
Entrou. Antônio ficou espremido entre o cara que colocou a arma nas suas costas e outro homem.
- Vamos, vamos! - disse o outro homem.
O carro partiu.
Quando conseguiu falar, Antônio perguntou:
- Que que é isso?
Silêncio.
- Seqüestro?
(Não podia ser seqüestro. Ele era um insignificante que não tinha nada.)
Silêncio.
- Vocês não pegaram o homem errado, não?
Silêncio.
- Por que vocês me pegaram?
O homem do lado direito disse:
- Você sabe por quê.
De repente, todos os quatro homens do carro começaram a falar quase que simultaneamente:
- Você está sendo observado desde o aeroporto.
- A Bianca nos deu o local do seu encontro com o Cláudio, hoje.
- Foi sua ação mais cara, Falcão.
- Peraí, meu nome não é Falcão.
- Claro que não é.
- Sabemos até o que você comeu no almoço.
- Estava bom, Falcão?
- Meu nome não é Falcão! Eu posso provar, é só olharem minha identidade!
- Nos respeite, Falcão...
- Mas é verdade! Pegaram o homem errado!!
Antônio começou a tirar o RG do bolso mas o homem do lado direito interveio:
- Você tem mil identidades. O Chefe nos avisou: não deixem ele enrolar vocês.
- O chefe gosta de você, Falcão. Disse que se você não fosse tão bom, não iria precisar matá-lo.
Antônio ficou um silêncio durante dez segundos:
- Vocês vão me matar?
- Você sabe que sim.
Os 4 homens pareciam estar perturbados naquela situação. Iam matar Falcão. Estavam vivenciando os últimos momentos da vida do grande Falcão.
Mas Antônio sentiu uma coisa que nunca havia sentido antes. Uma calma imensa. Quando falou, sua voz parecia de outra pessoa.
- Por quê?
- O senhor sabe por quê.
- Onde?
5 segundos de silêncio.
- Na ponte.
O motorista falou, olhando para trás:
- O chefe mandou perguntar se o senhor quer deixar algum recado para alguém.
Agora o tratavam como senhor.
- Não, não.
O homem na sua esquerda fala:
- Algum recado para sua mulher?
Antônio deu um sorriso amarelo.
- Só diga que eu pensei nela, no fim.
O motorista pensa "Que desperdício, ter que matar alguém como Falcão.".
Quando chegaram à ponte, ninguém tomou a iniciativa de descer do carro, ninguém falou.
Antônio tomou a palavra:
- Vamos acabar logo com isto.
- O senhor quer alguma coisa? Um cigarro?
- ... Tentando parar - brincou Antônio.
Lembrou-se de uma coisa.
- Nenhum de vocês têm uma garrafa de Red Label, têm?
Os quatro riram, envergonhados. Não tinham.
Um dos homens abriu os braços, sem jeito e disse:
- Não nos leve a mal...
- Que isso! O que tem que ser, vai ser. Não posso reclamar, tive uma vida cheia.
Os quatro apertaram a mão de Antônio, emocionados. Depois amarraram suas mãos para atrás e o jogaram da ponte
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
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6 comentários:
LOL, juro que não entendi! o.O
Moral da Historia: Sempre ande com uma mini garafa de red label.
Porra mal postei c ja comento
Já pidi mas vai demora 3 meses pra eu sai fora ¬¬
Grande Antonio!!!!
agora sim consegui comentar:D
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